Em 1973 eu saí da FAB. Acionei amigos e foz de tudo para que o meu desligamento fosse rápido, pois teria que assumir um cargo no Amazonas. Consegui que isto acontecesse e um ano depois retornei de lá e fui fazer tudo o que não pude fazer um ano antes. E o principal seria pear a documentação de desligamento da FAB. Fui ao QG do 4º Comando Aéreo, onde eu estava ligado funcionalmente. Ao chegar lá eu me encontrei com um sargento de fisionomia familiar. Ele saía do quartel em companhia de um civil. Fui a ele e perguntei se ele fora vendedor de bolinho de camarão na estação ferroviária de Morretes. Fora. Era o Beto Cardoso.
Beto era de uma geração anterior à minha, mas os Cardoso eram de fisionomia parecida. Eu não o conhecia muito bem. Em 1954, quando estudava em Curitiba, era passageiro frequente do misto, trem de passageiro e carga das sextas feira à tarde. Beto descia no expresso de sábado da manhã e todos nós subíamos de volta no domingo à tarde.
Beto costumava viajar todo garboso na sua farda cáqui de 3º sargento escrevente da FAB. O nosso encontro no QG, em São Paulo, aconteceu 20 anos após. Iniciamos uma amizade; eu fui algumas vezes na casa dele e ele foi à minha. Logo a seguir ele se aposentou e retornou ao Paraná e soube que havia aberto um bar que se chamava algo como “aeródromo dos poetas”.
Numa das minhas viagens a Morretes soube que Beto havia falecido. Perdi um amigo e Morretes perdeu um poeta.
Encontrei um texto de Gilberto Gnoato que se refere a ele como “Alberto Cardoso - o grande menestrel morretense que tive a sorte de conhecer” (http://www.morretes.com.br/cultura/social/socialturismo.htm). Esta lembrança me motivou a escrever este texto para que Beto não seja esquecido.
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